terça-feira, 22 de maio de 2012

Como não se deve comunicar em Saúde!


   A Crioestaminal lançou recentemente uma campanha com o objetivo de "sensibilizar" o "público" para a grande importância de guardar as células estaminais do sangue e do tecido do cordão umbilical.
 
   Esta questão de "sensibilizar" seria interessante de se ganhar tempo e analisar se assim merecesse tanto a pena, ou seja, sensibilizar sensibiliza, não promove é raciocinio àquilo que de deontológico deve ser feito e aquilo que em comunicação é totalmente contraproducente.

   E para que tipo de "público" é posicionada esta campanha? Para os que já guardaram os cordões umbilicais, para aqueles que podem vir a faze-lo e para aqueles com dificuldades financeiras que, já não obstante o "peso" de uma vida difícil que carregam, acrescentam este peso às suas consciências, punidas com a mais bávara comunicação de indolência por não "salvarem" os seus filhos.

   Pois bem... eu até podia concordar com esta campanha de choque... desprovido de ética, moral, valores e consciência, esta campanha está soberba! Mexe com consciências e quem não fica sensibilizado em poder salvar uma vida próxima por míseros €1000, quando se apregoa que esta não tem preço? Brilhante, não?!

   Como julgo ser de senso comum, e também por isso, num curto espaço de tempo, esta campanha já foi retirada, não há muito mais a manifestar sobre o tema. Toda a opinião é válida, pois serão consensuais.

   No entanto imponho algumas questões do foro científico....

   No anúncio da campanha é referido que:

   "Em mais de 85% dos partos em Portugal o cordão umbilical continua a ser descartado (ou seja, a ir para o lixo) e as células estaminais nele contidas são perdidas para sempre. É importante mudar esta atitude!" 

e que,

   "Estudos científicos demonstram que a probabilidade de uma pessoa vir a necessitar de um transplante com células estaminais ao longo da vida é de 1:200 e, hoje, são já mais de 80 as doenças que podem ser tratadas com recurso às células estaminais do sangue do cordão umbilical"

e que,

   "Se todas as famílias optarem por guardar as células estaminais no momento do parto serão cada vez mais as crianças e adultos que poderão beneficiar desta opção. Que passe a ser tão normal guardar as células do sangue do cordão umbilical como, por exemplo vacinar as crianças. É um caso de saúde pública. É a nossa causa."

e que,

   Queremos garantir que não seja desperdiçado um recurso com tanto valor – seja ele guardado num banco privado ou público!" in www.criosestaminal.pt


   Bom, limito-me a contrapôr com a ciência prática e efectiva:

   Dois médicos especialistas defenderam na sexta-feira que é mera «futurologia» prometer que a recolha de células estaminais do cordão umbilical pode ser determinante na vida do seu portador, pois atualmente a única verdade científica é que praticamente não tem uso.

    Em declarações à “Lusa”, o hematologista do IPO Nuno Miranda, responsável da equipa que está a tratar o filho do futebolista Carlos Martins, explicou que o que hoje se sabe com exatidão é que durante a infância esta utilidade é «praticamente nula».

    «Em relação ao futuro, não se sabe. Pode ser tudo ou não ser nada. Mas futurologia não é a minha especialidade, isso é para as bolas de cristal», afirmou.

   Boas leituras!




7 comentários:

  1. entao e o que dizer de uma marca de café????
    nem mais nem menos ...cafÉ ... KONA

    VAO A GOOGLE....IMAGENS...CAFÉ KONA

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  2. resolvi poupar-vos algum trabalho....

    http://blogviagens.com/2010/02/cafe-100-kona/

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  3. Luis Filipe Costa, é sem dúvida um bom contributo, mas por alguma razão esta marca de cafés não é comercializada em Portugal. Não necessáriamente pela marca em si, mas, eventualmente também.
    (os teus comentários são referentes ao post seguinte "Marcas e Branding: Insucessos no Mundo Automóvel".
    Obrigado!

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  4. Pois bem...
    E o que dizer das Farmaceuticas... Bem, é melhor nem comentar.
    Mas como não consigo vou tecer um breve comentário.
    Telemóveis, televisões, viagens a congressos (3X ano) com muita "fruta", enfim...
    Será que o profissional quando nos prescreve um medicamento é isento?
    By the way, em Portugal existe um banco publico de células estaminais portanto gratuito, mas como estamos num país de brandos costumes, nós fazemos a criopreservação e não temos a garantia de utilização como foi dito pela Sra. Dra. Helena no programa do Goucha na TVI que por acaso acompanhei.
    Já nos EUA a música é outra...
    Não vamos cuspir para o ar...
    ;)

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  5. Olá caro "Anónimo"!
    Obrigado pela tua participação.
    Contudo, não encontro correlação entre aquilo que é uma análise/opinião de marketing e as farmacêuticas ou os programas do Goucha, que por acaso, nunca acompanhei.
    A análise foi efectuada com base naquilo que o anúncio publicitário tentou transmitir como benefícios em consequência das necessidades que tentou gerar, assim como todo o cariz moral e consciencioso que o mesmo transporta... ou não!

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  6. Caro colega, acho que todos sabemos que as necessidades não se criam são inatas... acha que ajudar a tratar doentes e melhorar a qualidade de vida de crianças é gerar necessidades? Não será antes, satisfazê-las de uma forma imensuravelmente humana! Acha que enquanto marketeers podemos sonegar canais de comunicação? Todos são válidos, desde que com opiniões fundamentadas. Todos têm direito ao contraditório! O que a TVI e entretanto a SIC fez num programa equivalente foi ouvir as "Marcas", ouvir os Pais, ouvir os responsáveis de entidades públicas... Considero que a web é liberdade de expressão, mas infelizmente de forma não educativa, ter blogs é fácil, dar opiniões também, marcar a diferença isso é mais dificil!!!! Somos marcas, fazemos narcas, inspiramos marcas, faça-nos o favor de nunca as "desinspirar".

    Maria Gomes

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  7. Controverso ou não, tenho para mim que as necessidades não são todas inatas. Não é dificil olharmos à nossa volta e percebermos o valor que o marketing atribui aos bens e/ou serviços que jamais necessitariamos se este não o gerasse. No que concerne à satisfação das necessidades de forma imensuravelmente humana, seria curioso se pudesse ser mensuravel economicamente para todos.
    Bom, de espirito aberto à crítica, continuo sem entender onde se assenta o seu foco crítico. Desde a abordagem à indústria farmaceutica passando pelo programa do Goucha e frases ou assuntos que ficam a meio ou mesmo pela "desispiração" de não aceitar uma opinião diferente (mas, consistente e fundamentada, assertiva e sobretudo...idónea, Maria Gomes, idónea).
    Cumprimentos

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